A CHAMA CRIOULA
O simbolismo do fogo
O Fogo é um dos quatro elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) e
que o ser humano pode produzir, fazendo uma conexão entre os homens e Deuses. A
maioria dos rituais, ao longo da história, envolve uma chama eterna, e acender
o fogo é equiparado com o nascimento e ressurreição. É um princípio criador por
excelência, símbolo da energia vital, da purificação, da espiritualidade, do entusiasmo
e do ardor.
A chama Crioula - Momento sociopolítico.
O Brasil, no final dos anos 40, estava saindo da ditadura da chamada
"Era Getúlio Vargas", que havia calado a imprensa, que prejudicava o
desenvolvimento e prática das culturas regionais. Com isso, perdeu-se o
sentimento de culto à regionalidade. As raízes regionais estavam em processo de
esquecimento, adormecidas, reflexo da proibição de demonstrações de valores de
cada um dos estados. Bandeiras e hinos dos estados foram, simbolicamente, queimados
em cerimônia no Rio de Janeiro e, diante de tudo isso, os gaúchos estavam
acomodados àquela situação, apáticos e sem iniciativa.
Foi então que liderados pelo jovem João Carlos D'Avila Paixão Cortes,
jovens estudantes do Colégio Júlio de Castilhos criam um departamento de
tradições gaúchas, que tinha a finalidade de preservar as tradições e o
campeirismo do estado, mas também desenvolver e proporcionar uma revitalização
da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando-a no contexto da
cultura brasileira.
Assim surge a criação da Ronda Crioula que foi em 7 de setembro, com a
extinção da pira da pátria, até o dia 20 de setembro, as datas mais
significativas para os gaúchos.
Paixão Cortes solicitou a Defesa Nacional para retirar uma centelha do
"Fogo Simbólico da Pátria" para transformá-la em "Chama
Crioula", como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande à Pátia
Mãe, e o desejo de que a mesma aquecesse o coração de todos os gaúchos e
brasileiros até o dia 20 de setembro, data magna estadual. Foi assim que Paixão
recebeu o convite para montar uma guarde
de honra ao general farrapo, David Canabarro, que seria transladado de Santana
do Livramento para Porto Alegre. Então Paixão reuniu um piquete de oito gaúchos
bem pilchados e, no dia 5 de setembro de 1947, prestaram a homenagem a
Canabarro.

O Grupo dos Oito
O piquete que transladou os restos mortais de David Canabarro ficou
conhecido como o "Grupo dos Oito" ou "Piquete da Tradição".
Era formado por Antonio João de Sá Siqueira, Fernando Machado Vieira, João
Machado Vieira, Cilso Araújo Campos, Ciro Dias da Costa, Orlando Jorge
Degrazzia, Cyro Dutra Ferreira e João Carlos Paixão Cortes, seu líder.
A Chama Crioula - acesa pela primeira vez no dia 07/09/1947.
A "Chama Crioula" representa para o gaúcho e o tradicionalista
a história, a tradição, a alma da sociedade gaúcha, construída ao longo de
pouco mais de três séculos. Em torno dela construímos um ambiente de reverência
ao passado, de culto aos feitos e fatos que nos orgulham, de reflexão sobre a
sociedade que somos e a que queremos ser.
Como um símbolo que une nosso estado, ela estará presente em todos os
galpões, todos os acampamentos, todas as manifestações de amor à tradição, ardendo no candeeiro,
sempre carregada de a cavalo por homens e mulheres que sabem o que fazem e o
que querem.
Todo o ano é feita a busca da chama nos sítios históricos espalhados
pelo Rio Grande do Sul e é distruibuída à todos os Regiões Tradicionalistas.
O Translado: As bandeiras vão na frente. A chama logo depois delas. Quem leva a
chama, ao chegar, alcança o archote para alguém escolhido que vai fazer o
acendimento do candeeiro normalmente após o canto do hino nacional.
A ronda da chama: A ronda não é estática, ela é
móvel. A ronda também pode ser entendida como o ato de trocar a chama de lugar
a cada dia. A ela pode-se incluir uma serie de atividades no entorno da chama.
A guarda da chama: A guarda da chama é feita por uma ou duas pessoas que ficam paradas
(no estilo militar), normalmente de lança em punho durante as 24 horas. A troca
de guarda deve sempre ser feita com um breve cerimonial. A entrega da lança e a
troca de lugar deve ser feita de forma solene.
A fala na troca de guarda: Não existe uma fala padrão, por ser neste momento, uma situação que
envolve muito a emoção do que se está fazendo. É muito usado a parte final da
fala que foi usada no primeiro acendimento: "...entrego esta chama
para o fortalecimento das nossas tradições e maior honra e glória da nossa
sagrada querência e do povo gaúcho." seguindo de um forte "E
VIVA O RIO GRANDE!"
A CHAMA CRIOULA E SEUS ACENDIMENTOS. (sítios históricos)
2001 - Guaiba, na fazenda de Gomes Jardim
2002 - Santa Maria, no coração do estado.
2003 - Camaquã, na Chácara das Águas Belas, de Barbosa Lessa.
2004 - Erechim, no Recanto dos Tauras.
2005 - Viamão, cidade fundamental na história do RS.
2006 - São Gabriel, na Sanga da Bica, onde tombou Sepé Tiarayú.
2007 - São Nicolau, 1ª Redução e um dos Sete Povos das Missões.
2008 - São Leopoldo, Terra de Colonização Alemã.
2009 - São Lourenço, no casarão de Ana, irmão de Bento Gonçalves.
2010 - Itaqui, o acendimento volta para a fronteira.
2011 - Taquara, cinquentenário da Carta de Princípios.
2012 - Venâncio Aires, Capital Nacional do Chimarrão.
2013 - General Câmara, Distrito Açoriano de Santo Amaro do Sul.
2014 - Cruz Alta, Terra de Érico Veríssimo.
2015 - Colônia no Uruguai, com distribuição no Chuí.
(Transcrito do Informativo do Acampamento Farroupilha de Porto Alegre,
distribuído aos participantes).
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