sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O 20 DE SETEMBRO.


                                                                  A CHAMA CRIOULA

O simbolismo do fogo

O Fogo é um dos quatro elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) e que o ser humano pode produzir, fazendo uma conexão entre os homens e Deuses. A maioria dos rituais, ao longo da história, envolve uma chama eterna, e acender o fogo é equiparado com o nascimento e ressurreição. É um princípio criador por excelência, símbolo da energia vital, da purificação, da espiritualidade, do entusiasmo e do ardor.

A chama Crioula - Momento sociopolítico.

O Brasil, no final dos anos 40, estava saindo da ditadura da chamada "Era Getúlio Vargas", que havia calado a imprensa, que prejudicava o desenvolvimento e prática das culturas regionais. Com isso, perdeu-se o sentimento de culto à regionalidade. As raízes regionais estavam em processo de esquecimento, adormecidas, reflexo da proibição de demonstrações de valores de cada um dos estados. Bandeiras e hinos dos estados foram, simbolicamente, queimados em cerimônia no Rio de Janeiro e, diante de tudo isso, os gaúchos estavam acomodados àquela situação, apáticos e sem iniciativa.

Foi então que liderados pelo jovem João Carlos D'Avila Paixão Cortes, jovens estudantes do Colégio Júlio de Castilhos criam um departamento de tradições gaúchas, que tinha a finalidade de preservar as tradições e o campeirismo do estado, mas também desenvolver e proporcionar uma revitalização da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando-a no contexto da cultura brasileira.

Assim surge a criação da Ronda Crioula que foi em 7 de setembro, com a extinção da pira da pátria, até o dia 20 de setembro, as datas mais significativas para os gaúchos.

Paixão Cortes solicitou a Defesa Nacional para retirar uma centelha do "Fogo Simbólico da Pátria" para transformá-la em "Chama Crioula", como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande à Pátia Mãe, e o desejo de que a mesma aquecesse o coração de todos os gaúchos e brasileiros até o dia 20 de setembro, data magna estadual. Foi assim que Paixão recebeu o convite  para montar uma guarde de honra ao general farrapo, David Canabarro, que seria transladado de Santana do Livramento para Porto Alegre. Então Paixão reuniu um piquete de oito gaúchos bem pilchados e, no dia 5 de setembro de 1947, prestaram a homenagem a Canabarro.

O Grupo dos Oito

O piquete que transladou os restos mortais de David Canabarro ficou conhecido como o "Grupo dos Oito" ou "Piquete da Tradição". Era formado por Antonio João de Sá Siqueira, Fernando Machado Vieira, João Machado Vieira, Cilso Araújo Campos, Ciro Dias da Costa, Orlando Jorge Degrazzia, Cyro Dutra Ferreira e João Carlos Paixão Cortes,  seu líder.

A Chama Crioula - acesa pela primeira vez no dia 07/09/1947.

A "Chama Crioula" representa para o gaúcho e o tradicionalista a história, a tradição, a alma da sociedade gaúcha, construída ao longo de pouco mais de três séculos. Em torno dela construímos um ambiente de reverência ao passado, de culto aos feitos e fatos que nos orgulham, de reflexão sobre a sociedade que somos e a que queremos ser.

Como um símbolo que une nosso estado, ela estará presente em todos os galpões, todos os acampamentos, todas as manifestações  de amor à tradição, ardendo no candeeiro, sempre carregada de a cavalo por homens e mulheres que sabem o que fazem e o que querem.

Todo o ano é feita a busca da chama nos sítios históricos espalhados pelo Rio Grande do Sul e é distruibuída à todos os Regiões Tradicionalistas.

O Translado: As bandeiras vão na frente. A chama logo depois delas. Quem leva a chama, ao chegar, alcança o archote para alguém escolhido que vai fazer o acendimento do candeeiro normalmente após o canto do hino nacional.

A ronda da chama:  A ronda não é estática, ela é móvel. A ronda também pode ser entendida como o ato de trocar a chama de lugar a cada dia. A ela pode-se incluir uma serie de atividades no entorno da chama.

A guarda da chama: A guarda da chama é feita por uma ou duas pessoas que ficam paradas (no estilo militar), normalmente de lança em punho durante as 24 horas. A troca de guarda deve sempre ser feita com um breve cerimonial. A entrega da lança e a troca de lugar deve ser feita de forma solene.

A fala na troca de guarda: Não existe uma fala padrão, por ser neste momento, uma situação que envolve muito a emoção do que se está fazendo. É muito usado a parte final da fala que foi usada no primeiro acendimento: "...entrego esta chama para o fortalecimento das nossas tradições e maior honra e glória da nossa sagrada querência e do povo gaúcho." seguindo de um forte "E VIVA O RIO GRANDE!"

A CHAMA CRIOULA E SEUS ACENDIMENTOS. (sítios históricos)

2001 - Guaiba, na fazenda de Gomes Jardim

2002 - Santa Maria, no coração do estado.

2003 - Camaquã, na Chácara das Águas Belas, de Barbosa Lessa.

2004 - Erechim, no Recanto dos Tauras.

2005 - Viamão, cidade fundamental na história do RS.

2006 - São Gabriel, na Sanga da Bica, onde tombou Sepé Tiarayú.

2007 - São Nicolau, 1ª Redução e um dos Sete Povos das Missões.

2008 - São Leopoldo, Terra de Colonização Alemã.

2009 - São Lourenço, no casarão de Ana, irmão de Bento Gonçalves.

2010 - Itaqui, o acendimento volta para a fronteira.

2011 - Taquara, cinquentenário da Carta de Princípios.

2012 - Venâncio Aires, Capital Nacional do Chimarrão.

2013 - General Câmara, Distrito Açoriano de Santo Amaro do Sul.

2014 - Cruz Alta, Terra de Érico Veríssimo.

2015 - Colônia no Uruguai, com distribuição no Chuí.

(Transcrito do Informativo do Acampamento Farroupilha de Porto Alegre, distribuído aos participantes).
















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